segunda-feira, 10 de março de 2014

TEOLOGIA PESSOAL




Escuto-Te a passar no silêncio
Ao longo dos canais da Ria
Não tens corpo, mas tens uma ave
Que dulcifica os meus olhos e o vento
Que se equilibra na minha barba, levanta-se
Um robalo num salto
Para alcançar o outro azul que a água espelha
Escuto-Te nada tenho a perder
A passar na frágil asa da libélula
Como é fácil ser-se silêncio
Passas no colo da mulher que apanha moliço
Para  a beleza
do que há-de nascer da terra
Escutei-Te, passavas na minha adolescência
E dos meus amigos que entravam com risos
De cristal nas águas impenetráveis dos canais.

Ria de Aveiro, 7-03-2014
© João Tomaz Parreira

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